O momento atual em que vivemos é muito significativo e é chave para a Transformação Digital. Passamos muitos anos em transição e esta foi acelerada pelos efeitos da COVID-19. Porém, todos os temas que estamos nos debruçando no momento foram discutidos nos últimos anos. No Fórum Mundial em Davos de 2020, por exemplo, um dos temas mais importantes foi “sociedade do futuro e trabalho” no qual questões como a automação e o impacto na sociedade deram o tom das conversas.
Com a pandemia do Coronavírus, a Transformação Digital foi acelerada. Situações com as quais nos preocuparíamos de dois a cinco anos no futuro se tornaram realidade em dois meses. Negócios foram revistos e a forma de trabalho ajustada. Alguns mercados que ainda se mantinham fora da evolução digital foram afetados drasticamente e provocados a mudar ou mudar. Hoje vemos empresas antes conservadoras acelerar os processos de automação e se preocupar com o ambiente digital. Áreas como Educação e Saúde tiveram questões de anos postas de lado para poderem atender às novas demandas.
Muitos não estavam preparados. Mas a adequação dos negócios ao chamado Novo Normal vale a sobrevivência em seus mercados.
Algumas percepções para o futuro (próximo) da Transformação Digital construídas em anos de atuação na área de tecnologia e lapidadas nos últimos meses:
Pessoas
Um ponto bastante importante para seguir em direção ao futuro do qual não há retorno é pensar nas pessoas. Este é o elo principal da Transformação Digital. As relações serão diferentes. Será possível contratar mais facilmente profissionais de qualquer lugar do mundo, o que deve causar uma “guerra por talentos” em algumas áreas. Um programador brasileiro poderá trabalhar em uma empresa de tecnologia da Alemanha ou um desenvolvedor indiano em uma companhia brasileira, por exemplo. Além disso, haverá uma mudança na maneira de trabalhar, já que as vidas pessoal e profissional passam a andar ainda mais juntas. Ou seja, a preocupação com o equilíbrio entre as duas áreas se tornará pauta ainda mais proeminente.
Tudo como Serviço
Grandes projetos tendem a diminuir muito e serão substituídos por serviços que geram valor ao negócio. Enquanto um projeto de longo prazo pode demorar de seis meses a um ano para ser implementado, a utilização de Modelo Ágil e Tudo como Serviço (XaaS) traz a oportunidade de adaptação para que o benefício seja conquistado em tempo bem menor. Da mesma maneira que o cliente final não quer esperar para receber seu produto, as empresas entram na mesma pegada – até para poder atender seu público consumidor.
Ponto de ruptura
Em tempos de consolidação da Transformação Digital não voltaremos atrás, não haverá retorno ao que éramos. O mundo já aprendeu a funcionar diferente. O consumidor já se adaptou a fazer seus pedidos online, assim, as lojas físicas deverão responder oferecendo experiências e relacionamento com o cliente, enquanto a venda é feita, efetivamente, pela internet.
Nesta nova realidade, todos os setores deverão se adaptar. Com o tempo, saberemos quem se destacará.
O futuro chegou
Neste exato momento, o que sugiro às empresas é: olhem para o futuro! Façam um planejamento de curto prazo em Transformação Digital e reforcem a questão às pessoas com quem trabalham.
Setores historicamente reticentes com a utilização de tecnologia em todas as áreas de seus negócios devem mudar a mentalidade o mais rápido possível. O impacto na sociedade será grande e os governos devem se atentar à necessidade de capacitar os cidadãos. Muitas pessoas ainda não estão habilitadas digitalmente e isso pode se tornar um problema ainda maior que o de hoje em dia.
Tabus como “produtividade” e “controle de atividades” devem ser reavaliados ao mesmo tempo em que se pensa na tecnologia necessária e em questões de segurança e controle de vulnerabilidades. Muitos vão abandonar os escritórios bonitos e vistosos. O foco será na redução de custos e eficiência.
Este é o nosso futuro. Quem se adaptar agora terá muito mais chance de seguir em frente e se destacar no próximo cenário de maturidade da Transformação Digital. Seja parte disso.
Claudio Endo é Diretor Executivo da Agility