Altamente complexos e com um ciclo de updates longo, as infraestruturas críticas representam um desafio quando o assunto é garantir que fluxos DNS maliciosos não resultem em exfiltração de dados, por exemplo.
O Domain Name System (DNS) deixou de ser apenas um simples serviço de resolução de nomes para se tornar um componente estratégico na segurança de redes modernas — e isso vale de modo agudo para ambientes de Internet das Coisas (IoT) e infraestruturas industriais (ICS/OT).
A proliferação de sensores, atuadores e controladores conectados, muitas vezes com capacidades limitadas de atualização e gerenciamento, transforma o DNS em um termômetro preciso do comportamento da rede e, simultaneamente, em um vetor de risco com elevada alavancagem: um único fluxo DNS malicioso pode ser sintoma de um comprometimento inicial, canal de exfiltração ou mecanismo de comando e controle.
Por isso, pensar a proteção do DNS como elemento central de desenho de segurança é condição indispensável para preservar disponibilidade operacional e segurança física em instalações críticas.
Os desafios de ICS e IoT
Em ambientes industriais, a superfície de ataque é aumentada por três características convergentes: heterogeneidade de dispositivos, processos de ciclo de vida que priorizam continuidade em detrimento de updates, e a crescente interconexão entre redes corporativas e segmentos OT.
Dispositivos IoT muitas vezes executam stacks de rede minimalistas sem suporte a recursos modernizadores como DNS-over-TLS ou DNSSEC; firmwares defasados e credenciais padrão deixam portas abertas. Já a interconexão entre TI e OT, se mal projetada, cria “ponte aérea” para que um incidente inicialmente confinado ao mundo dos dispositivos inteligentes evolua para uma perturbação de sistemas de controle industrial.
Nesse contexto, o DNS emerge como um ponto de controle com alto retorno sobre investimento: bloquear, monitorar e entender consultas é muitas vezes mais eficiente do que tentar remediar um grande número de endpoints vulneráveis após o comprometimento.
Maior visibilidade, maior segurança
A estratégia de defesa eficaz começa pela visibilidade ampliada. Registrar consultas DNS internas e egressas, correlacionar consultas com logs de dispositivos e manter histórico pesquisável são medidas fundamentais.
A observabilidade do DNS fornece indicadores precoces: explosões de consultas a domínios recém-registrados, padrões repetitivos de subdomínios — sinais típicos de algoritmos geradores de domínios (DGA) — ou consultas cuja entropia estatística foge ao esperado.
Detectar esses padrões exige coleta de telemetria em alta granularidade e análise temporal que considere cadências específicas de dispositivos industriais, evitando alarmes falsos gerados por comportamentos legítimos programados.
Detectando perigos com rapidez
Controle de egress é outro pilar: em segmentos IoT e OT, a filosofia recomendada é a de allowlist (lista branca) ao invés de blacklist. Permitir apenas resolvers internos pré-aprovados e limitar as comunicações a um conjunto conhecido de domínios reduz drasticamente a superfície explorável.
Resolvers locais, posicionados na borda da rede industrial, permitem aplicar políticas específicas sem depender unicamente de resolvers públicos externos, que podem introduzir latência, perda de controle e riscos de roteamento. Complementarmente, sinkholing e redirecionamento para ambientes de análise segura podem capturar e investigar consultas suspeitas sem interromper a operação.
Detectar e mitigar canalizações cobertas via DNS é crucial. Técnicas de tunelamento encapsulam dados em consultas/respostas DNS e podem ser empregadas tanto para exfiltração quanto para controle remoto. Identificá-las exige análise de entropia, padrões temporais, volume por fonte e correlação com eventos endpoint.
Soluções que correlacionam DNS com telemetria de rede e endpoint enriquecida tendem a identificar esse tipo de anomalia mais cedo. Quando uma anomalia é confirmada, respostas automatizadas como rate-limiting, isolamento do segmento e bloqueio do endpoint sobrevivem como opções que preservam continuidade operacional enquanto reduzem risco.
O bônus e o ônus: convergência OT/TI
A governança entre equipes OT e TI merece atenção particular. Muitas falhas decorrem não de lacunas técnicas isoladas, mas de ausência de processos coordenados: quem aprova mudanças na allowlist de dispositivos críticos? Como testar atualizações de DNS sem interromper linhas de produção?
Boas práticas incluem tabelas de responsabilidade claras, procedimentos de mudança discretos para ambientes industriais e planos de contingência que permitam reverter ações com baixa fricção. Exercícios de tabletop que envolvem engenharia, operações e segurança consolidam respostas e evitam decisões precipitadas durante incidente.
Aspectos práticos de implementação envolvem trade-offs. A adoção de DNS criptografado (DoH/DoT) melhora privacidade e mitiga manipulação intermediária, mas, sem arquitetura adequada, pode reduzir a visibilidade centralizada necessária para segurança.
Em ambientes industriais, o ideal é terminar a sessão cifrada em um resolver empresarial controlado, que ofereça telemetria e políticas de inspeção antes de encaminhar as resoluções. Do mesmo modo, medidas como DNSSEC melhoram integridade, mas exigem gerenciamento de chaves e maturidade operacional para não introduzir novos vetores de falha.
Não é só implementar e sentar-se!
A segurança via DNS também se beneficia de automação e orquestração. Playbooks que automatizam isolamento de segmento, atualizam regras de firewall ou inserem indicadores de bloqueio em tempo real reduzem o tempo médio para contenção.
Entretanto, a automação deve ser cuidadosamente governada: aplicar bloqueios automáticos em picos operacionais sem um modo de fallback pode interromper processos críticos. Políticas graduais (observar → rate-limit → desafio humano → bloqueio) equilibram proteção e disponibilidade.
Por fim, há dimensões sistêmicas: gerenciamento de ciclo de vida de dispositivos, parcerias com fornecedores para garantia de atualizações, e due diligence em serviços de terceiros que hospedam resolvers ou gerenciam domínios.
A resiliência exige que organizações tratem DNS como elemento de arquitetura, não como detalhe de infraestrutura. Investir em observabilidade, políticas de allowlist, proteções contra exfiltração via DNS e em governança interequipes reduz em larga escala a probabilidade de incidentes graves.
A importância do parceiro adequado
Para equipes que buscam parceiros na jornada de fortalecimento do DNS, trabalhar com fornecedores especializados que oferecem visibilidade end-to-end, políticas executáveis e integração com ecossistemas de segurança é um diferencial prático.
Nesse sentido, soluções corporativas de fornecedores experientes, como a Infoblox, são capazes de acelerar a maturidade operacional, integrando controles DNS a SIEM, XDR e ferramentas de orquestração, e auxiliando na construção das práticas e procedimentos que ambientes industriais demandam.
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